As características biológicas, químicas e físicas dos corpos hídricos dependem, em primeiro lugar das propriedades físicas da água. Assim, o estudo de qualquer corpo hídrico natural deve levar em conta estas características.
No que se refere à origem da água ainda não existe uma teoria conclusiva, entretanto a origem da hidrosfera esta associada à condensação do vapor de água existente na atmosfera primitiva da Terra. Esta condensação se deu quando do resfriamento da superfície, formação das massas continentais.
Quanto a sua estrutura química a molécula de água é formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Os átomos de hidrogênio têm cargas positivas e o de oxigênio negativa. Esta estrutura dá à molécula de água o caráter dipolar transformando-a no mais poderoso solvente existente sobre a Terra. Esta é uma das características mais importantes da água, pois permite que os componentes minerais existentes nas rochas e no solo sejam dissolvidos e disponibilizados para as algas e vegetais superiores.
Por outro lado, o oxigênio, elemento indispensável para a vida vegetal e animal apresenta sérias dificuldades para se difundir na água. Assim, a decomposição orgânica em meio aquático, que faz aumentar a demanda por oxigênio, pode proporcionar, dependendo de sua intensidade, condições anaeróbicas comprometendo os ecossistemas aquáticos.
Por ser o solvente universal e estar em movimento, através do ciclo hidrológico, a água em estado puro é muito difícil de ser encontrada na natureza. Logo, a água é mais abundantemente encontrada associada a outras substâncias, principalmente os sais minerais.
De acordo com a quantidade de sais dissolvidos a água pode ser classificada em: doce, concentração de até 0,05% de sais; salobra de 0,05% a 3%; salgada, concentração de sais superior a 3%.
O CICLO HIDROLÓGICO
Movida pela radiação solar e pela gravidade a água se movimenta sendo possível encontrá-la em diversos reservatórios e em diferentes estados. O principal reservatório de água são os oceanos, estes, quando aquecidos liberam vapor de água para a atmosfera. Movido pela circulação geral da atmosfera o vapor pode alcançar as áreas continentais.
A umidade presente na atmosfera quando ganha altitude condensa e precipita.
Dependendo da latitude e da altitude da condensação do vapor as precipitações podem ser sólidas, granizo e neve ou liquida chuva. As precipitações sólidas nas regiões polares são responsáveis pela formação das calotas polares que armazenam 2,06% do total de água do planeta e 68,9% da água doce. Quando as precipitações acontecem sobre os continentes, nas áreas não polares, elas são, na maioria das vezes, liquidas (chuvas). Os caminhos da água ao chegar à superfície dependem fundamentalmente da natureza desta superfície.
Assim, quando se trata de regiões recobertas por vegetação e dependendo do índice pluviométrico e da intensidade do evento chuvoso a água pode tomar os seguintes caminhos: ser interceptada pela folhas e troncos e, quando aquecida pela radiação, evaporar e retornar à atmosfera; chegar ao solo.
No solo a água, devido ás suas propriedades químicas dissolve os nutrientes necessários as plantas e junto com eles é sugada pela vegetação sendo devolvida para a atmosfera na forma de vapor, transpiração vegetal. Além disso, a água pode percolar e chegar ao leito dos rios ou aos lagos. No entanto, a velocidade de percolação é muito inferior ao fluxo superficial, logo, os solos das regiões florestadas constituem-se em importantes reservatórios que controlam a vazão fluvial. Além disso, dependendo da estrutura geológica a água pode ser armazenada nos aqüíferos (rochas porosas e permeáveis) sendo este um dos mananciais que permite a exploração humana.
Quando as precipitações atingem regiões desprovidas de cobertura vegetal ou com cobertura vegetal de baixa densidade e pequeno porte ou ainda regiões urbanas com solos impermeabilizados predominará o escoamento superficial e um conseqüente aceleramento do sistema já que o solo deixará de ser um dos reservatórios.
Em regiões em que houve a retirada da vegetação natural que, na maioria das vezes, apresenta maior densidade que os cultivares agrícolas ou em áreas urbanas onde é muito intenso o processo de impermeabilização dos solos o ciclo hidrológico sofre um processo de aceleração já que um dos importantes "reservatórios" do ciclo hidrológico terá seu reabastecimento comprometido. Além disso, a retirada da cobertura vegetal intensifica o processo de erosão e o conseqüente assoreamento dos rios. Neste sentido, a interferência humana neste ponto do sistema, ao diminuir o tempo de chegada das águas pluviais aos cursos dos rios e intensificar o processo de assoreamento, contribui para o descontrole hidrológico processo que torna as enchentes mais intensas, porém mais rápidas e, no oposto, diminuição drástica do volume de água dos rios no período da estiagem.
A próxima etapa do ciclo hidrológico corresponde aos rios e lagos. Os rios, de acordo com a natureza das águas que recebem, podem ter regime pluvial (águas das chuvas), nival (derretimento de geleiras) ou misto. Além disso, os rios recebem água pluvial que infiltra no solo e percola até seu leito através do lençol freático.
Entre as intervenções mais antigas e em maior número no ciclo hidrológico esta a construção de barragens para armazenamento de água para as mais diversas finalidades: produção de energia elétrica, abastecimento de cidades, dessedentação dos animais, irrigação. Esta intervenção, ao provocar o aumento da superfície laminar de água exposta a radiação solar, gera intensificação da evaporação e, por tabela, maior umidade, caracterizando mudanças no clima em escala local.
SOCIEDADE E UTILIZAÇÃO DA ÁGUA
Na visão de Oliveira (2008, p.21) a forma de utilização dos recursos naturais por parte do homem sofre variações de acordo com a história e com a cultura. Assim, o homem primitivo tratava e respeitava a natureza como sagrada, na cultura judaico-cristã, devido à visão do homem como imagem de Deus, a natureza tinha como função prover as necessidades humanas tendo, portanto, que ser dominada. Os gregos tinham pensamento semelhante, acreditavam que a natureza existia em benefício à sua sobrevivência.
No entanto, as maiores transformações no espaço natural e sua conseqüente substituição por uma segunda natureza começaram a se processar a partir do surgimento do sistema capitalista e de sua revolução industrial. A partir deste momento com o advento de novas técnicas de produção e de intervenção na natureza associadas com o aumento da população mundial e por conseqüência do consumo de "mercadorias" as transformações no espaço natural passaram a se processar em ritmos nunca vistos.
Neste novo cenário, com a intensificação das relações capitalistas, a água, indispensável à vida, tem o leque de possibilidades de uso ampliado. Intensifica-se seu uso nos diversos ramos da indústria, na agricultura irrigada, produção de energia. Além disso, o intenso processo de urbanização e a vida moderna conduzem a uma demanda cada vez mais crescente nas regiões urbanas.
A crescente demanda por água potável nas áreas urbanas esta associada, também, a poluição dos mananciais que estão dentro ou próximos de grandes centros urbanos. A poluição é apontada como um dos fatores geradores de escassez de água potável. Para se ter uma idéia da gravidade do problema, a ONU (Organização das Nações Unidas) estima que 35% da população mundial não tenham acesso a água tratada e 43% não possuem serviços de saneamento adequado.
BACIA HIDROGRÁFICA
Townsed (2006, P. 166) afirma que:
Os riachos e rios são caracterizados por sua forma linear, fluxo unidirecional, escoamento oscilante e leitos instáveis. A natureza estreita dos canais de rios significa que eles estão muito intimamente conectados ao ambiente terrestre do entorno. Assim, uma compreensão precisa da ecologia de rios requer que consideremos o rio e sua bacia de drenagem como uma unidade.
Na citação acima o autor deixa clara as relações existentes entre os ambientes terrestres e os rios. Além disso, elege como necessidade, para o entendimento da ecologia de um rio, considerar a unidade de drenagem que é, também, denominada bacia Hidrográfica.
Em hidrografia o termo bacia hidrográfica designa o rio principal bem como seus afluentes e toda a região drenada por ele. As bacias hidrográficas têm início nas nascentes dos pequenos rios, que na Amazônia são denominados igarapés, estes pequenos cursos vão se unindo até forma uma grande bacia.
Em uma bacia hidrográfica o nível de base é sempre o leito do rio, portanto, alterações sofridas na região de drenagem de um rio geralmente produzem implicações nos leitos.
Como já afirmamos no tópico referente à descrição do ciclo hidrológico, um dos elementos mais importantes em uma bacia hidrográfica é a vegetação. No entanto, geologia, geomorfologia e os solos da bacia hidrográfica também se constituem em elementos importantes na caracterização de uma bacia hidrográfica.